28.7.10

bibliophilia

Gasto demasiado dinheiro em livros. Eu sei que deveria ir a uma biblioteca pública e ler a meu bel-prazer a custo zero, mas a) os livros são todos em português e odeio ler em português; b) a biblioteca da minha terra é uma anedota, não me apetece pegar no carro para ir à dos nossos vizinhos nem no comboio para ir à do Porto.
Sendo assim, compro-os e ficam na minha estante. Já comprei mais duas estantes ano passado, já dá para me fotografarem à frente da estante e a partir daí, tudo o que eu disser é eloquente, pertinente, inteligente. Talvez até farei provas orais da faculdade à sua frente, quem sabe munida de um cachimbo. E nada de lentes de contacto. Óculos fazem subir o QI vinte pontos. Monóculo quarenta. E monóculo seria bastante vantajoso para mim, creio.

24.7.10

e eu sou um 1/4 dele.

O meu avô é obcecado com fracções, penso.
À noite, o seu jantar consiste em metade de uma maçã e metade de uma banana, regado com uma antiga garrafa de coca-cola de 33cl de vinho tinto. Depois, vai para o quarto de banho, onde lê uma parte do JN ou do Expresso, e fuma um terço de cigarro, que de seguida apaga e deixa no cinzeiro para a noite seguinte.

20.7.10

só para eu me sentir um pouco melhor

As pessoas precisarem de média 19 para entrar na faculdade é um disparate. Significa que são pessoas pouco dotadas: só sabem utilizar a memória. Em termos de qualidades humanas ficam para trás. O que é que uma pessoa sem qualidades humanas faz ao exercer profissões em que isso é essencial?
 - Carlos Lopes Pires, psicólogo clínico, in JN

19.7.10

neuter your pets and family members

Quando eu finalmente dominar o mundo, vou arranjar cientistas que vão inventar uma forma de esterilização 100% reversível para ambos os sexos, que irá ser mandatória para toda a gente. Depois, quando quisessem ser pais, tinham que passar um teste teórico, e depois ter aulas práticas (à la escola de condução). Se ao fim disto passassem tudo e ainda assim se quisessem reproduzir, revertia-se a esterilização e lá deitavam para fora um puto.

9.7.10

ó boa

Ando de transportes públicos quase todos os dias e não é das primeiras vezes que isto acontece. Até já tenho um stalker, mas isso fica para outro(s) post(s).
Entrei no autocarro, apontamentos de Química Orgânica I na mão, e sentei-me num dos lugares da frente, à beira dos de cedência obrigatória. À minha volta, um grupo de mulheres a falar como quem não quer a coisa que "a menina"¹ podia ir para os outros assentos e deixar a amiga delas vir para o meu lugar.
"Hã?" Não estava atenta. "Quer que eu vá para ali?"
Lá fui, uma delas tira um envelope da Worten com fotos extremamente mal tiradas de uma jovem grávida prestes a rebentar. "Que barriga tão descida. Vai ser rapaz!". As tretas do costume.
A criança de calções verdes ao meu lado levanta-se na Praça Guilherme Gomes Fernandes. Senta-se um homem de meia idade, que parece precisar de abrir muuuuuito as pernas quando está sentado. Há gente rude assim. Um pouco desconfortável para mim.
Finge verificar as horas. Para tal, necessita de meter o seu cotovelo na minha mama. Agora, começo a desconfiar se este não será um daqueles. Pode apenas ser descoordenado. Sim, é isso. É descoordenado, eu também tenho que abrir muito as asas quando como. Mas aquilo das pernas abertas continua a incomodar. Encosto-me ainda mais à janela do autocarro. Ele abre ainda mais, de modo a continuar a estar em contacto. A mão esquerda que está pousada na sua coxa começa a querer tocar na minha. Cruzo as pernas e encolho-me o mais possível.  A senhora à minha frente lança-me um olhar de quem está a entender.
Estamos agora na paragem antes da minha, e ao contrário do que faço normalmente, já me pus a pé a tentar andar em direcção à porta de trás. Quem se levanta também, quem é quem é? Encosta-se a mim e o autocarro nem está muito cheio. Sinto-me enjoada, meia a hiperventilar. Avanço ainda mais, sempre agarrada aos ferros. Ele segue-me. Está agora a roçar-se a mim. Ouço a sua respiração. É impossível isto não ser de propósito. Estou dividida entre a) meter-lhe um tacão na virilha; b) gritar "QUER PARAR COM ESSA MERDA, CARALHO?"; c) vomitar; d) chorar; e) todas as anteriores.
A minha paragem. Saio, a tremer e a querer a minha mãe. Eu espero pelo verde da passadeira, ele atravessa mais abaixo, mas acaba na mesma rua que eu. Inconscientemente, queria que ele passasse o portão da faculdade atrás de mim, para eu chamar um segurança. Não o fez.
Não estava numa discoteca. Não estava "a pedi-las". Estava num autocarro a caminho de um exame.




¹Quando é que deixo de o ser, alguém me diz?

8.7.10

sensitivo conforto extra para maior prazer sem látex

assorted, originally uploaded by меr.
Expor os preservativos ao lado das coisas de bébé e dos testes de gravidez é um golpe de marketing excelente.

3.7.10

não tenho palavras

Uma médica nos Estados Unidos está a tratar mulheres grávidas com hormonas experimentais, de modo a "prevenir" que as filhas destas se tornem lésbicas. Também tenta prevenir o nascimento de raparigas que demonstrem um desinteresse "anormal" por bebés, que não queiram brincar com brinquedos de menina ou serem mães e cujos interesses de carreira sejam demasiado "masculinos". Leiam mais aqui.