30.7.13

então eu estive em espanha a brincar aos ricos, volto e..

Então, como estão as vossas continhas de pobrezinhos no BES?

21.7.13

a realidade morde

Winona Ryder em Reality Bites (1994)

i like driving in my car, it's not quite a jaguar

Madness - "Driving in my car" (1982)

 Hoje peguei no carro pela primeira vez em meses. Conduzir é como andar de bicicleta.

 No sentido em que não sei andar muito bem de bicicleta, e não sei conduzir muito bem também.

19.7.13

toda a gente tem de pagar as contas, não é?

"Olá, eu sou a Margarida Rebelo Pinto e convidoo a estar presente na Feira do Livro do Continente e descobrir o meu novo livro, "Título Lamechas Que Não Decorei", com 30% de desconto."


O que eu não me ri.

17.7.13

sabem uma coisa que já não se vê?

Festas de formatura.

Há uns anos atrás ia a festas de formatura de tantos amigos dos meus pais. Lembro-me de ir a uma de um primo afastado quando era pequena, pegar naquele pauzinho que lança faíscas do bolo e a minha tia Hermínia me dizer "um dia também vais ter um bolo assim".

Pois, tia. Entretanto, os anos 90 acabaram, e agora quando se acaba o curso tem-se mas é uns pêsames pelo desemprego ou os estágio não-renumerado (vai dar ao mesmo) quase certo. Um bolo em forma de recibo verde.

16.7.13

Uma vez uma irmã no colégio disse-me que Deus tirava aos velhinhos o juízo para não estarem sempre a pensarem na morte e no sofrimento da velhice. O díficil é para quem fica.
É muito doloroso deixar de ter temas de conversa com a pessoa de quem mais gostavamos de aprender coisas. As conversas tornam-se um ciclo infinito de "Não tens frio?/Quando é que te casas?/Até que enfim que engordaste um bocadinho". Voltam à idade da rebeldia e não és tu que o vais mandar não conduzir ou fazer o que quiser. Não sabem das meias, vão procurar na cozinha. Doi-lhes a anca, mas conseguem baixar-se debaixo da mesa para desligar todos os telefones de casa. A morte aos poucos é muito dolorosa.

15.7.13

a saia travada entrou de férias. iupi.

Em 81 disse à Dr.ª Manuela Brazette, psiquiatra, "Eu sou feia". Ela disse-me "Não é ser feia. Não há pessoas feias. Não tem é atractivos sexuais". Lembrei-me então do homem que em 74, tinha eu 14 anos, se cruzou comigo no Arco do Cego. Lembrei-me do homem, da cara do homem vagamente, mas lembrei-me muito bem do que ele me tinha dito ao passar por mim. Tinha-me dito "Lambia-te esse peitinho todo". Lembrei-me também da meia-dúzia de outros homens que durante a minha adolescência me tinha dito quando eu passava "Coisinha boa" e "Borrachinho". Ainda hoje me sinto profundamente agradecida a esses homens. Pensei que estavam a avacalhar, que eram uns porcalhões. Mas quem estava a avacalhar era a Dr.ª Manuela Brazette, ela é que é uma porcalhona. Acho que um homem nunca consegue ser mau para uma mulher como outra mulher .
-Adília Lopes, in Irmã barata, irmã batata. Braga/Coimbra: Angelus Novus, 2000. p. 12

Gosto de elogios. Gostei do senhor que disse que gostava do meu chapéu e que hoje ninguém anda de chapéu e que lhe fazia lembrar a mãe dele. Gostei da senhora no comboio que me disse que eu parecia a Audrey Hepburn (mas que grande wtf.)
Não gosto de piropos. Não gostei de quando tinha 12 anos, estava à espera que a minha mãe me viesse buscar e um camionista a passar na estrada ficou a olhar e a buzinar. Não gostei quando um tarado me seguiu pelos Clérigos acima a querer o meu numero de telefone. Não gostei quando mais uma vez estava à espera da minha mãe (carro azul, porque te atrasas sempre?) e gunas fizeram voltas à rotunda para me verem, mostrei-lhes o dedo do meio e chamaram-me puta. Isso não foram elogios. Senti-me invadida, exposta, de carcaça aberta na montra do talho.