26.8.13

obrigada, senhor do barclayscard

por me pores de mau humor e a questionar a minha vida 

-Antes de mais, devo dizer que sou estudante.
-Diga-me só, que idade tem, senhora dona Saia Travada?
-[a minha idade]
-E só estuda? Não trabalha ao mesmo tempo?
-Não.
-Posso lhe falar só das vantagens do barclayscard?
-Pessoalmente, acredito que cartões de crédito são o Demo.
-Resta-me desejar uma boa tarde para si, Senhora Dona Saia Travada.

18.8.13

Morte de estudante grego desperta debate na Grécia 

 Um estudante de 19 anos que morreu depois de uma discussão com um inspector dos transportes públicos está a tornar-se um símbolo na Grécia. Thanassis Kanaoutis morreu com uma lesão fatal na cabeça depois de se ter atirado, ou de ter caído, ou de ter sido empurrado, para fora do autocarro, quando este circulava num bairro de classe média de Atenas, na terça-feira passada. Certo é que na altura, o estudante discutia com o inspector dos bilhetes, por não ter pago os 1,20 euros que custava a passagem. A empresa diz que o próprio Kanaoutis accionou o travão de emergência para sair, a família diz que ele poderá ter sido empurrado. O caso tocou um ponto sensível na Grécia, onde o Governo está a recorrer a métodos cada vez mais duros para recolher receitas e sob pressão internacional para pôr em ordem as suas finanças. Cerca de 300 pessoas assistiram ao funeral e, depois da cerimónia, dezenas de jovens atiraram pedras contra polícia anti-motim perto do local onde Kanaoutis morreu. Um autocarro foi atacado, as janelas estilhaçadas e alguém escreveu “assassinos” no pára-brisas. “Este é o último miúdo que morre – a partir de agora vai ser o sangue deles a correr”, gritou um jovem depois do funeral. A morte de um jovem de 15 anos pela polícia em 2008 despertou motins violentos que duraram semanas na Grécia.
 [...]
 O meu medo nem é que a violência fatal por parte de autoridades esteja a chegar à Europa. Vai chegar a este cantinho. Não, o meu medo é que ao contrário de na Grécia e no Brasil (o caso do pedreiro Amarildo, que "deu sumiço" depois de ser levado para uma esquadra) aqui não vai cair o Carmo e a Trindade, não vamos todos para a rua, vamos ficar quétinhos porque somos um "país de brandos costumes". Povo latino, o catano. Deve haver nórdicos com mais garra que nós.

12.8.13

nasci velha.

Some people turn sad awfully young. No special reason, it seems, but they seem almost to be born that way. They bruise easier, tire faster, cry quicker, remember longer. 

- Ray Bradbury in Dandelion Wine

11.8.13

Mãe: O que é que chamamos à gata [completamente estrábica]?
Eu: Chris.
Mãe: (ri-se desalmadamente)
Mãe: Now I feel bad for laughing.

6.8.13

então eu comecei a ler isto


que, segundo a própria autora, é "The sickest book of the summer". Leiam mais sobre ela e o livro (já banido por alguns Defensores da Moral e Bons Costumes™ ) aqui e aqui.

Aquele Que Não Gosta De Saias Travadas:
sorry, mas não podes ser pedófila, chamares-te Celeste e manter a credibilidade

tipo, duh.

É óbvio de que se vou toda pintada e bem-vestida para ir ao cinema com ele, não há nenhum interesse no moço, gente.

Nunca andei toda maquilhada à beira de pretendentes; queria sempre que eles vissem toda a minha beleza natural e sem artíficios, que sou uma mulher simples e descomplicada (eu sei, eu sei, é induzir em erro) e claro, nada de batôm vermelho, que poderiam ficar todos estonteados com a minha beleza rústica e querer dar-me um beijo espontâneo à chuva.

1.8.13

a saia travada e o trabalho precário

Querido diário:

Hoje fui à "formação" para aquele emprego em part-time. Estive das 10 às 15h a andar atrás de uma moça que está lá há um mês, e em todo este tempo fizemos duas actualizacões de serviço (como diz o chefão, "não são vendas"). Quando depois andei com o outro "formador", que coitado, atrapalha-se e eu tive de me meter no meio e salvar a situação, ele deixou-me tratar dessa conta (o chefão depois disse que a comissão não era minha porque ainda estava em formação. ) O chefão e os restantes escravos colegas dizem que se faz em média 50€ por dia, uma vez que cada conta são 5 e fazem por norma 10. O problema, querido diário, é que estes contratos são quase todos feitos depois das 6, que é quando as pessoas estão em casa. Então, porque é que estamos desde as 10 na rua? Porque é que não almoçamos à uma como toda a gente? Porque é que comemos uma "sandocha" (se trouxermos de casa, obrigada chefão por me avisar) às 4 da tarde?
Parece que a rapariga que estava lá há um mês só pára de bater às portas quando as pessoas começam a perguntar que raio de horas são aquelas (lá para as 22h). Ora isto são, vamos a ver, 12h. Metade de uma rotação completa da terra sobre si mesma, vulgo dia. O outro rapaz disse-me muito entusiasmado, que, fazendo 1000€ ao final do mês (5€ x 10 x 20), já dava para o seu apartamentozinho próprio. Esqueci-me foi de lhe perguntar quando é que vai estar a disfrutar da sua casa, dado que está das 9 às 21h a calcorrear as ruelas do Grande Porto.
Quando cheguei a casa, fui ao Pingo Doce e praticamente inalei a minha mista, queijada e café. Até o papel quase que ia. A outra rapariga disse-me com toda a naturalidade que não tomou o pequeno almoço e que normalmente só almoçava às 16h. Não sei como não desmaiou.
Não sei se volto, diário. Não tenho filhos nem casa para pagar; só queria um pé de meia (um dedo, vá), compreendo que quem tenha aceite este tipo de trabalho em desespero. Note-se que nenhum dos meus escravos colegas estava nesta situação. Não sei se volto, porque ao aceitar, estou a aceitar um trabalho injusto; se eu não aceitar, outros aceitam este trabalho de bom grado, e isto continua a ser aceitável e talvez, não sei, legal.
Bem, está visto, tenho de parar de viver acima das minhas possibilidades. Tenho que vender pipocas e empreender e o caraças.

(Dica d'A Saia Travada: quando precisarem de retail therapy depois de um árduo dia de trabalho, ide aos chineses em vez do shopping, a carteira agradece)