29.8.10

momento de reflexão

Namorar quando afinal só se gosta da pessoa, mas não se ama, deveria-se chamar "nagostar".


Nagostar.

27.8.10

m.i.a.


folding chairs, originally uploaded by Christina Branco.
Só para dizer que não morri afogada no Mediterrâneo. Continuo viva, apenas um bocadito mais queimada. Há quem goste da carne bem passada.

Depressa volto com muitas histórias e muitas mais fotos.
Hasta luego!

22.8.10

silly season

A uns escassos dias de ir de férias pouco-merecidas, deparei-me (ou melhor, a minha mãe, porque eu nunca iria reparar em tal coisa) que só tinha um biquini funcional. Isto aparentemente é uma tragédia porque depois vais ao mar de manhã, sais da praia, tiras o fato de banho e passas por água doce, e quando voltas de tarde tens de vestir novamente o teu único trapo de nylon, agora molhado.
Fui com a pessoa-cujo-nome-não-deve-ser-pronunciado ao Parque Nascente, mas nas lojas de roupa íntima (que nome tão chique para "loja de cuecas", sim senhor, bom marketing) só tinham partes de cima com jóias gigantes e pindéricas. Aqueles biquinis são um perigo, aquele peso ainda por cima mal equilibrado é só para uma pessoa se afogar.
Saí da loja. Ao fundo, vislumbro umas letras azuis, a indicar um oásis de preços baixos. Primark. Lá dentro, depois de filas e filas de carteiras e de arcos com lacinhos (a minha perdição), vejo a moda íntima. Cuecas de renda! Soutiens de renda! Tudo de renda! Nada de soutiens bejes do tédio. Renda azul néon!
Encontrei os poucos biquinis que ainda tinham, e a costela judia saltou no meu peito ao vê-los a 2€! Já só tinham tamanhos granditos, mas aperta aqui, puxa acolá, e voilá, serei a banhista mais poupada de toda a Andaluzia.


(Muitas desculpas aos leitores pelo tema. É a silly season, não há notícias de jeito senão os incêndios, não me deparo com situações estranhas no meu dia-a-dia pelo Porto... e depois dá nisto. Brevemente voltamos ao conteúdo intelectualóide.)

21.8.10

happy blooday.

Ana says (23:22):
*how was the mother's birthday?
*send her a kiss for me
chrisburger. says (23:23):
*meh, ela matou galinhas e depois viu nip/tuck

Ana, minha prima do coração e do blog Push The Life.

8.8.10

o papão do remédio

Venda de fármacos para crianças hiperactivas continua a aumentar
- publico.pt

Houve um dia em que ia de metro, e um menino, sentado à beira da sua avó, insistia em atirar uma colher toda suja de iogurte para onde a gravidade a levasse, e os restantes passageiros sorriam todos toinos e davam-lha, só para ele a atirar outra vez, e outra, e outra, até que me acertou. Lancei aquele olhar de quem não está para brincadeiras a ambos, avó e neto, e dei a entender que não ia pegar na colher coisa nenhuma. Outra pessoa com bem mais paciência que eu a entregou à senhora, que disse "ele é hiperactivo, sabe?". Ninguém me pediu desculpa, e a avó finalmente teve o bom senso de guardar o talher ofensivo. O catraio continuou com um sorriso a que a língua de Shakespeare chama shit-eating grin.
Acho que a hiperactividade está seriamente sobrediagnosticada em rapazes, e subdiagnosticada em raparigas e adultos. Corre e gosta muito de jogar à bola? Hiperactivo. Não consegue prestar atenção ao que quer que seja, sempre na lua, esquece-se de tudo? Burro/preguiçoso/cabeça de alho chocho.
Se de facto a criança (ou adulto) é diagnosticada (por um especialista, não mãe/pai/professor/senhora da padaria) e a perturbação lhe causa sofrimento e insucesso escolar, porque não medicar? Afinal, não tomamos insulina se formos diabéticos, ou um antibiótico quando temos uma infecção?

Post escrito por "uma menina sonhadora, de cabeça na lua".

(Notícia numa altura pertinente, em que eu própria, de maior idade e vacinada, sofro as consequências de ter um cérebro que nunca para quieto. Hão-de reparar que a minha escrita neste blog reflecte isso.)

1.8.10

crise de fé

... é o que estou a ter. Fui baptizada aos três meses, andei num colégio católico durante 10 anos (e atenção, não era catolicismo light, era uniformes, professoras freiras e só poder sair quando os pais iam lá buscar no seu Mercedes), frequentei a catequese dois anos (até fazer a Primeira Comunhão, mas depois eu queria muito fazer a Solene porque os meus coleguinhas recebiam todos para cima de 80 contos em prendas). A minha família é uma amálgama de convicções. Há o meu pai, com uma costela judia, educado em seminário, e hoje agnóstico acérrimo; a minha mãe, que pode dizer todo o mal da Igreja, mas eu que diga que não preciso de ter cinco figuras de Nossa Senhora no quarto e acusa-me de ser satânica; o meu avô, que hoje é um Anglicano praticante e a minha avó que parece acreditar mais em bruxas que na Igreja.

O meu avô, quando está cá em Portugal, vê-se obrigado a ir à missa aqui numa comum igreja católica romana. Parece que está numa celebração diferente da de toda a gente: munido do seu missal anglicano, lê o evangelho de acordo com o seu calendário e não ouve a leitura, não toma a hóstia, levanta-se, senta-se e ajoelha-se em alturas diferentes que as dos restantes paroquianos. Não entendo o porquê.

O meu avô é um exemplo extremo, mas vejamos. Portugal tem 85% de católicos¹. Em 2006, 14,5% das mulheres com idades entre 18 e 49 já fizeram uma IVG². 72.4% das mulheres nesta faixa etária está a usar um método contraceptivo³. Não consegui arranjar dados portugueses sobre sexo pré-nupcial fidedignos, mas pelos menos nos EUA, um país ainda mais conservador que o nosso, os dados apontam para 95%4. Tudo actos que o Vaticano condena, o aborto inclusivé sendo pior que a pedofilia5. Nem precisamos de falar disso, se 50% da população é mulher, grande parte destas católica. Se um dia sentissem o chamamento de serem sacerdotes, paciência, que isso é outro pecado6, tudo em nome da tradição. Nem vou falar na organização profundamente misógina que é a Opus Dei. Porém, continuam na Igreja, filhos baptizados e de catecismo na mão.

É como se isto fosse televisão por cabo ou uma apólice de seguros, vem por pacotes com diferentes opções e depois escolhe-se consoante. No pacote Catolicismo Essencial, temos o baptismo e a catequese para os meninos, depois um rico casamento com noiva de branco (cof cof) e muitos, muitos divórcios. Pacote Catolicismo Base: Baptismo, catequese mais as duas comunhões, o casamento da praxe e ir mais ou menos regularmente à missa. Catolicismo Premium: não é para fracos, toca a ter quantos filhos quanto Deus quiser dar (e olha que são muitos), mulheres, parem de usar essas calças de herege e homens, nada de se tocarem nas partes pudendas enquanto pensam na Soraia Chaves (nem digo mulheres, porque as mulheres não se tocam, certo?)

Até já, Igreja Católica Apostólica Romana. Não acho que tenho que sofrer por Eva ter comido uma maçã há montes de anos atrás;  não acho a sexualidade saudável um pecado, daí achar que Maria ser virgem ou não não muda nada na sua Santidade; não quero seguir dogmas feitos há seculos por meia dúzia de senhores celibatários, quero ler a Bíblia e tirar daí as minhas conclusões. Pode ser que um dia saias da época do Imperador Constantino.

"Nisto, não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus" Gálatas 3, 28


¹Dados do INE, Censos 2001
²Estudo-Base sobre as Práticas de Aborto em Portugal, Consulmark, 2006
³Estudo-Base sobre as Práticas de Aborto em Portugal, Consulmark, 2006
4 USA Today
5Monsignor Girotti: più facile assolvere un pedofilo pentito che una donna che ha abortito
6 in Publico.pt