16.12.10

carne para canhão

A parte boa das tristezas é que são carne para a minha caneta, alimentam as linhas dos meus cadernos. Acabei ontem um diário. Já enchi mais três páginas do novo, que comprei a 1€ no El Corte Inglés quando a etiqueta dizia oito. Acho que o empregado engraçou comigo. Isso não é triste. Mas mesmo assim, escrevi no diário.
Sempre disse que o meu sonho era escrever um livro, mas ao fim e ao cabo, desde os meus dez anos, devo ter escrito uns sete, à última conta. Não têm aloquete, não têm páginas de cheiro, não escrevia neles com canetas de cor (se bem que há um todo escrito num código que inventei. Beat that, Robert Langdon!). Sentia que eram de certa forma superiores aos diários das outras meninas - havia ali verdadeiro conteúdo filosófico. Mas não. Leio-os agora, e ó céus, que vergonha. Um dia hei-de publicar aqui excertos dos meus rabiscos de 13 anos e pico, idade de Adrian Mole.

Pergunto-me se a Anne Frank estará fodida conosco por andarmos todos a cuscar-lhe o diário, quais irmãozinhos irritantes, pais desconfiados.

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