7.10.14

gadanhas

onychophagia 
É sabido que sou roedora de unhas. Não me lembro de alguma vez não as ter roído. A minha professora de português do 10º ano queria que eu escrevesse o Manifesto do Roedor para ler na aula. Pois não fiz, já era a rainha da prochristinação, por isso isto agora é penitência, S'tora Manuela Vegan A-Água-Tem-Sentimentos.
Roer as unhas é um vício difícil de deixar. Eu costumo comparar ao cigarro, mas pior. Porquê? Ora, há restrições para o tabaco, para as pessoas não fumarem tanto. Com as unhas não. Não posso fumar num bar, mas posso roer as unhas. Se calhar não tenho 4€, mas roer as unhas é de graça. Além de que para quem quer deixar, não há apoios. Não há chicletes nem adesivos de unhaca. O cigarro, principalmente até aos anos 90, tinha glamour e estava na moda, coisa que a onicofagia nunca teve. Imaginam o Lucky Luke de polegar na boca? Ou a Audrey Hepburn (ainda por cima de luvas)?
Nas minhas tentativas, já fiz de tudo:
Era pequena e o meu pai pôs-me tabasco nelas. Com o tempo, fui me habituando ao sabor e talvez seja por isso que ninguém consegue aguentar o meu guacamole. Mais tarde, arranjei verniz com sabor amargo. O problema é que este sabor passava para TUDO, e não só para comida de comer à mão.
Quando andava no 9º ano, chegou a moda das unhas de gel. Uma amiga da minha mãe disse-lhe que seria o perfeito para eu deixar. E assim fi-las, num quiosque manhoso no meio de um corredor de shopping manhoso. Agora imaginem, uma miúda com o fato de treino de colégio privado, aparelho, óculos e cabelo pela cintura com altas garras de manicure francesa, que a cachopa nem teclar no msn podia. Andei com elas uns bons meses. Quando as tirei, estavam bem grandes, a senhora manhosa do quiosque manhoso insistiu para pintá-las de laranja néon (a minha cor preferida era preto, ela queria cor de rosa, chegamos a um compromisso) Depois como é natural de unha de gel manhosa, estavam fraquinhas e partiram logo todas.
Depois li sobre comportamento animal e decidi que ia associar roer as unhas a algo mau. Pus um elástico no pulso e quando dava por mim a roê-las, TAU!, puxava o elástico. Desenvolvi umas pisaduras bem engraçadas e difíceis de explicar.
Agora tenho aparelho nos dentes de baixo pela primeira vez na vida, e descobri que para além de não conseguir comer milho na maçaroca, não consigo roer as unhas. Bem, com um bocadinho de jeito, talvez lá ia, mas nem quero pensar. Estão a crescer! Li uma vez no livro do Guinness que a mulher com as unhas maiores do mundo massaja-as com azeite todos os dias. Uma curta pesquisa pelo Google também me indica que vernizes com alho ou cravinho fortalecem as unhas. Agora tenho um frasquinho com azeite, alho e cravinhos ao lado da cama para esfregar nelas. De manhã o meu quarto cheira mais ao menos como se tivessem cozinhado umas gambas lá dento, mas hey!, se funcionar, ponho uma etiqueta a dizer "Produto Tradicional" e "Cozinha mediterrânica, agora também nas suas unhas!" e vendo a 25€ n'A Vida Portuguesa.

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